2.1.10

medo

das longas durações, das curtas distâncias, do compromisso, da liberdade, de ser invisível, de perder a discrição, das noites insones, de dormir pra sempre, de falar demais, de acabar o assunto, de perder a viagem e me perder. medo da febre, do frio, da ressaca, da sobriedade, do preto, do branco, mais ainda do cinza. medo de não ter chão, medo de não voar. tenho medo da intimidade, das relações de aparência, do escuro e da claridade, portas e janelas, vida e caos. medo de respirar em público, de conversas sobre mim que eu não consigo ouvir, de sentar de costas para o fluxo de pessoas, de tocar maçanetas após lavar as mãos, de não enxergar conhecidos, de não cumprimentar e ser antipática. medo da morte próxima, medo de viver demais. medo do nunca e do pra sempre.
medo de ter medos demais e não sobrar nada para gostar de verdade. medo de escrever tanto essa palavra e não sobrar espaço pras outras, e ter medo sem saber do quê.

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