10.11.12

tudo nela se doava
tudo nela se doía
Eu fiz minhas malas, fiz minhas promessas, eu fiz o possível para soltar as amarras em volta do meu pescoço. Eu fiz minhas escolhas e fiz meus planos.
Fiz tudo o que soube e aquilo que não sabia.
Tanto fiz e agora não sei o que fazer de mim.

quase

a minha maior tragédia foi não ter vivido nenhuma tragédia.
agora corro em círculos em busca de qualquer ação que a vida possa me oferecer. eu me atiro da janela, eu grito, eu perco a voz e me perco. eu busco mais e me busco, eu sonho e não me lembro.
uma tragédia me faria escrever de verdade. não esse lixo todo que não me satisfaz, seria biógrafa dos meus dramas, amante dos meus pecados. uma tragédia jusificaria minha dor, explicaria meus anseios, calaria meu turbilhão. tragicamente, eu encontraria um foco.
qualquer quase morte como assunto, qualquer assunto que não me faça sentir uma fraude entre os artistas e reais sofredores, qualquer causa para a minha rebeldia.
qualquer quase morte para a minha quase vida.