27.12.09
25.12.09
oração
primeiro se esqueceu da oração: era um pai nosso e ela começou um ave maria. depois errou a parte do pão nosso de cada dia e não conseguiu continuar. surgiu um riso, e outro. a criança voltou sua concentração para o presente colorido. mais risos. fechei os olhos e ouvi suas palavras embargadas de uísque e mágoa. não era engraçado. eu só não queria sentir o clima de almodóvar decadente, o sangue árabe começando a pulsar latino, as visitas um pouco constrangidas por não conhecerem o lado da família que se esconde na imagem perfeita.
então voltamos a fingir que o álcool não incomoda, que a morte não se aproxima, que o inconveniente não enlouquece, que não é insuportável pisar em ovos e manter tradições ridículas ao invés de resolver um problema. um brinde à falsidade! oremos à hipocrisia! todos se levantem, porque é meia-noite e hoje nós somos cristãos! vamos lá, não é bom manter a pose e sorrir sorrisos plásticos? não é bom quando dizem ter inveja da nossa união, da família exemplar?
um brinde ao uísque que a mantém em pé e derruba todos os outros à sua volta. uma reverência ao frágil cordão que ampara o que esteve prestes a cair desde que surgiu. oremos por um natal de paz.
então voltamos a fingir que o álcool não incomoda, que a morte não se aproxima, que o inconveniente não enlouquece, que não é insuportável pisar em ovos e manter tradições ridículas ao invés de resolver um problema. um brinde à falsidade! oremos à hipocrisia! todos se levantem, porque é meia-noite e hoje nós somos cristãos! vamos lá, não é bom manter a pose e sorrir sorrisos plásticos? não é bom quando dizem ter inveja da nossa união, da família exemplar?
um brinde ao uísque que a mantém em pé e derruba todos os outros à sua volta. uma reverência ao frágil cordão que ampara o que esteve prestes a cair desde que surgiu. oremos por um natal de paz.
1.12.09
23.11.09
cílios
queria eu ter boa visão
e ter certeza que podes me ver
assistir tuas pálpebras se movendo
cima, baixo, cima, baixo
teus cílios passeando...
tua íris refletindo meu sorriso que é dos teus olhos.
e ter certeza que podes me ver
assistir tuas pálpebras se movendo
cima, baixo, cima, baixo
teus cílios passeando...
tua íris refletindo meu sorriso que é dos teus olhos.
20.11.09
não sei se foi a tequila, a falta de luz ou a sobra de gente.
não sei se foi você chegando. não sei se foi você saindo.
sei que de um segundo para o próximo eu fui outra.
sei que sempre sou outra quando te descubro perto.
você percebe?
viu que estava dançando antes de ficar estática? viu que eu falava antes de ficar muda?
viu que eu era alguém antes de ficar nula?
o sol chegou e não te vi mais, perdi. sempre perco.
sempre te perco antes de te encontrar.
não sei se foi você chegando. não sei se foi você saindo.
sei que de um segundo para o próximo eu fui outra.
sei que sempre sou outra quando te descubro perto.
você percebe?
viu que estava dançando antes de ficar estática? viu que eu falava antes de ficar muda?
viu que eu era alguém antes de ficar nula?
o sol chegou e não te vi mais, perdi. sempre perco.
sempre te perco antes de te encontrar.
19.11.09
17.11.09
(02:36) T: te sente limitada?
(02:37) L: sim. parece que qualquer liberdade torna a poesia prosa. daí desisto e escrevo o de sempre, que não é poesia, não é prosa, não é frase, não é conto. eu não sei o nome do que escrevo.
(02:38) T: acho que é poesia sim
(02:38) L: qual a definição de poesia?
(02:39) T: é o que me faz sentir
(02:42) L: eu gosto mais do que você escreve do que o que eu escrevo. Quando te leio, me sinto uma farsa.
(02:43) T: e eu me sinto prolixo quando te leio
(02:44) L: você descreve as coisas com perfeição. eu cuspo palavras.
(02:45) T: tu cospe sentimentos, eu enfeito mentiras
(02:46) L: meus sentimentos podem ser mentiras
(02:46) T: são?
(02:46) L: eu acho que eu não sinto. é possivel?
(02:47) T: não
(02:47) T: eu acho que tu não tens espaço
(02:48) T: eu acho que a tua solidão é pequena demais pra ti
(02:48) L: e se demorar demais pra eu sentir? Eu posso me acostumar com isso...
(02:50) T: dá pra se acostumar à infelicidade?
(02:51) T: dá, sim. Mas isso não é pra gente
(02:37) L: sim. parece que qualquer liberdade torna a poesia prosa. daí desisto e escrevo o de sempre, que não é poesia, não é prosa, não é frase, não é conto. eu não sei o nome do que escrevo.
(02:38) T: acho que é poesia sim
(02:38) L: qual a definição de poesia?
(02:39) T: é o que me faz sentir
(02:42) L: eu gosto mais do que você escreve do que o que eu escrevo. Quando te leio, me sinto uma farsa.
(02:43) T: e eu me sinto prolixo quando te leio
(02:44) L: você descreve as coisas com perfeição. eu cuspo palavras.
(02:45) T: tu cospe sentimentos, eu enfeito mentiras
(02:46) L: meus sentimentos podem ser mentiras
(02:46) T: são?
(02:46) L: eu acho que eu não sinto. é possivel?
(02:47) T: não
(02:47) T: eu acho que tu não tens espaço
(02:48) T: eu acho que a tua solidão é pequena demais pra ti
(02:48) L: e se demorar demais pra eu sentir? Eu posso me acostumar com isso...
(02:50) T: dá pra se acostumar à infelicidade?
(02:51) T: dá, sim. Mas isso não é pra gente
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